Beleza dos tapetes floridos da Romaria d'Agonia mostra tradição e fé de Viana do Castelo.

De corações carregados de fé, as gentes da Ribeira, dos mais jovens aos mais experientes, trabalham durante toda a noite, até ao amanhecer, enfeitando as suas ruas com tapetes de sal e centenas de motivos alusivos à pesca, à Romaria e à cidade. Desde as 21h00 desta terça-feira e até à madrugada desta quarta-feira, centenas de braços, incluindo os de amigos e até de curiosos, trabalharam mais de 30 toneladas de sal colorido, utilizado para decorar as seis ruas para “a Senhora passar” na Procissão ao Mar, que se realiza após a Eucaristia Solene das 14h30. 

A toda esta preparação, por entre muito trabalho anónimo, assistem milhares de pessoas, algumas cantando e dançando ao som das concertinas, das tunas ou simplesmente dos amigos que se juntam para tocar bombo ou cantar noite dentro, sempre com passagem obrigatória pelas tasquinhas da Ribeira.

A Ribeira de Viana do Castelo acordou neste dia 20 de agosto no seu maior esplendor. Numa espontânea romaria pelas ruas, com olhar deslumbrado, admiram-se durante toda a manhã as verdadeiras obras de arte na forma de tapetes de sal. Com a luz natural as cores sobressaem, os desenhos ganham vida e para quem trabalhou nestas decorações ao longo de um ano, não há beleza comparável aos cerca de mil metros de rua atapetados e engalanados para receber a bênção de Nossa Senhora da Agonia.

Para Magda Borges, que não é natural de Viana do Castelo, mas já é vianense de coração, o trabalho duro pela madrugada fora compensa. "É chieira, fé, equipa e, sobretudo, algo que não consigo explicar", contou ao Diário do Minho, numa tentativa de expressar o que é participar nesta tradição.
Já Cândida Ribeiro, natural de Baião, no distrito do Porto, não vir todos os anos à Romaria d'Agonia não é uma opção. Participa nas procissões e acorda às 6h00 quando não arranja alojamento, só para poder ver a "beleza" destes tapetes. "Esta romaria é amor", sublinha.